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Laser na Retina: quando ele é indicado e como funciona

  • admdrricardonakagh
  • 12 de nov.
  • 3 min de leitura

A fotocoagulação a laser é uma técnica moderna e amplamente consagrada no tratamento de diversas doenças da retina. Segura, eficaz e sustentada por evidências científicas robustas, essa tecnologia pode preservar — e em muitos casos recuperar — a visão. O procedimento é utilizado tanto em adultos quanto em crianças, com protocolos específicos para cada faixa etária e condição clínica.

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Quando o laser pode ser indicado?

A aplicação do laser na retina tem múltiplas indicações, variando conforme o tipo e a gravidade da doença. Entre as mais comuns estão:


1. Retinopatia diabética proliferativa (RDP)

É o tratamento padrão-ouro para evitar complicações graves, como hemorragia vítrea e descolamento tracional de retina. Estudos clássicos, como o Diabetic Retinopathy Study (DRS) e o Early Treatment Diabetic Retinopathy Study (ETDRS), demonstraram que a panfotocoagulação (PRP) reduz significativamente o risco de cegueira.


2. Edema macular diabético (EMD)

O laser focal ou em padrão grid é utilizado quando há contraindicação ao uso de anti-VEGF ou resposta insatisfatória a essas injeções. O objetivo é reduzir o espessamento retiniano e estabilizar a visão.


3. Oclusões venosas da retina

A fotocoagulação é indicada para controlar os neovasos formados na retina ou no segmento anterior, prevenindo complicações graves, como o glaucoma neovascular.


4. Retinopatia falciforme proliferativa

O laser setorial nas áreas de isquemia é eficaz para interromper a progressão da doença e preservar a visão central.


5. Lesões periféricas da retina

Em casos de rasgos ou degenerações, o laser atua como uma espécie de “solda”, criando uma barreira que impede o descolamento de retina.


6. Descolamento de retina localizado

Em descolamentos pequenos e bem delimitados, o laser isolado pode resolver o quadro. Em casos mais complexos, é usado como etapa complementar da cirurgia vitreorretiniana.


7. Coriorretinopatia serosa central (CSC)

Nas formas crônicas ou recorrentes, o tratamento pode incluir laser focal, micropulsado ou terapia fotodinâmica (PDT) com Verteporfina, considerada o padrão-ouro para casos mais avançados.


E nas crianças?

O laser também tem papel fundamental na oftalmologia pediátrica.A principal indicação é a Retinopatia da Prematuridade (ROP) — uma das maiores causas de cegueira infantil evitável.


O tratamento é realizado em ambiente controlado, sob anestesia adequada à idade, por equipe especializada. Outras condições pediátricas que podem se beneficiar do laser incluem Doença de Coats, síndrome de Stickler, Incontinentia Pigmenti e FEVR (Familial Exudative Vitreoretinopathy).


Tipos de laser utilizados

Existem diferentes tecnologias de laser, cada uma com indicações específicas:

  • Argônio e Diodo – os mais tradicionais e eficazes

  • Micropulsado – atua de forma não térmica, preservando os fotorreceptores

  • Pattern Scanning Laser (PASCAL) – mais rápido, preciso e uniforme

  • Terapia Fotodinâmica (PDT) – combina o uso de Verteporfina e laser de baixa intensidade para tratar vasos anômalos, como na CSC crônica e na Vasculopatia Polipoidal da Coroide


Como é feito o preparo para o laser?

Antes do procedimento, o paciente passa por uma série de etapas:

  1. Dilatação das pupilas

  2. Exames de imagem da retina, como retinografia, mapeamento de retina e, quando necessário, angiografia fluoresceínica

  3. Explicação dos riscos e benefícios

  4. Assinatura do termo de consentimento


O procedimento pode ser feito de duas formas:

  • No consultório, acoplado à lâmpada de fenda, com anestesia local em colírio e uso de lente de contato sobre o olho.

  • Em centro cirúrgico, sob sedação e anestesia, utilizando laser acoplado ao oftalmoscópio indireto — geralmente indicado para bebês e crianças.


Cuidados após o laser

Após a fotocoagulação, o paciente pode apresentar turvação visual leve e temporária. O retorno ao oftalmologista é essencial entre 30 e 90 dias para reavaliação e controle da resposta ao tratamento.

Os principais sinais de alerta são:

  • Dor intensa

  • Perda súbita da visão

  • Inflamação ocular


Entre as complicações raras, mas possíveis, estão hemorragia vítrea, membrana epirretiniana e progressão do descolamento de retina, que exigem acompanhamento próximo do especialista.


Conclusão

A fotocoagulação a laser é um dos recursos terapêuticos mais valiosos da oftalmologia moderna. Quando realizada com indicação precisa e por equipe especializada, oferece resultados consistentes, duradouros e baseados nas melhores evidências científicas.

A retina é uma estrutura sensível e essencial para a visão — e o laser é uma das ferramentas mais eficazes para protegê-la.

 
 
 

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